Não sei quantas almas tenho
Cada minuto mudei
Continuamente me estranho
Nunca me vi nem acabei
De tanto ser, só tenho alma
Quem tem alma, não tem calma
Quem vê é só o que vê
Quem sente não é quem é
Atento ao que sou e vejo
Torno-me eles e não eu
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu
Sou minha própria passagem
Assisto a minha passagem
Diverso, móbil e só
Não sei sentir-me onde estou
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser
O que segue não prevendo
O que passou a esquecer
Noto á margem do que li
O que julguei que senti
Releio e digo foi eu?
Deus sabe, porque o escreveu
(Fernando Pessoa)
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
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Ei você ai, obrigada por suas palavras e bla bla bla